27 março 2019

Não é sobre aceitar o amor que acreditamos merecer...

Não é simples como parece eu sei, as vezes a gente se encontra carente de mais e se supõe a aceitar qualquer migalha que chegam a nos oferecer mas não é uma questão de aceitação e sim merecimento.


Já me peguei escrevendo cartas para você que talvez você nunca receba, ou talvez eu envie em algum dia qualquer, quando o frio do meu peito se igualar com o frio lá de fora, quando a lareira esquentar aqui dentro e o vidro embaçar com o meu respirar enquanto olho as folhas de papel que não me levam a lugar algum...algum.

Nunca foi uma carta qualquer, eram centenas delas que agora queimam aqui nessa fogueira de razões que montei aqui dentro. Razões essas que inventei pra te tirar de vez daqui de dentro e abrir espaço para quem talvez me supra com um relacionamento casual qualquer. Mas é que o casual você me conhece bem...não me satisfaz e eu sinto e vou sentir a necessidade de te sentir de novo...outra vez, mesmo acreditando nas vezes que me disse que não vale de nada continuar aceitando as migalhas que me oferece, eu aceito, aceito não porque te amo e sim porque me acostumei com seu jeito, não é sobre jeitos...droga! não é sobre o seu jeito, é sobre o jeito que me sujeito a aceitar tanta merda vinda de quem não sabe ao menos valorizar o meu lençol.

Eu não acredito no amor, eu acredito na dor! e se é dor que está afim de me fazer sentir, que seja! eu só não suporto não sentir nada. Pior que a solidão é só essa solidão do vazio e espaço que existe entre nos dois agora deitados nessa cama de um motel qualquer nessa cidade em que as luzes são poucas quando se igualam aos seus olhos ao olhar para mim na hora de ir embora...mas também não se trata das suas mil e umas partidas que sempre voltam, é sobre as mil e umas voltas que me partem ao meio, apenas isso.

Essa cama aqui não cabe a minha imensidão porque sim eu sou enorme, eu posso não saber amar mas sei que eu sou grande o bastante para decifrar cada pingo de suor que escorre no seu corpo, são muito pequenos perto de tudo que sou capaz de sentir quando a luz se apaga e mais uma vez eu adormeço do seu lado, mas não é sobre adormecer do seu lado é sobre acordar e crer que talvez estamos indo longe de mais em algo que não vale a pena, e não é sobre pena, é sobre o barulho que eu insisto em guardar aqui dentro...na caixa...bem aqui dentro.

Pode bater, pode xingar mas eu sei que é do pouco que você gosta! e o pouco nunca será o muito aqui onde estamos, enquanto a chuva cai la fora e cada gota que cai exagera cada vez mais nas curvas mais longas feito as estradas de Madrid que reside em todo o seu corpo, não é sobre as curvas que me fazem sentir, é sobre sentir de fato. Apenas sentir, nada mais além de sentir...

Talvez você me encontre nessas palavras te garantindo que cansei de receber as asneiras que você me oferece ao falar no ouvido isso e aquilo. Talvez quando você acordar e encontrar essa única carta que restou no envelope que lembrará que compramos juntos no fundo desse baú que guardo apenas as decepções que valem a pena lembrar, e que de fato você é uma delas, que você se lembre que não é sobre as estradas que trilhamos, o prazer que sentimos e as palavras lindas que sussurramos e sim sobre acreditar merecer o mundo, e o seu mundo é pequeno de mais pra mim...não me cabe...não me cabe!

                                                    Das cartas que te escrevi - Meu amigo chamado Y


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